sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vocação laica : fermento, sal e luz

         A Igreja denomina "Leigos"  todos os cristãos que, como batizados, têm a missão de anunciar Jesus Cristo: Caminho, Verdade e Vida.  Os leigos não são consagrados/as, mas trabalham na construção do Reino de Deus, de uma sociedade justa, cooperativa e mais fraterna, conforme o desejo do próprio Jesus Cristo. Esses homens e mulheres, de qualquer idade, exercem diversos ministérios em nossa comunidade. Claro, conforme os dons que Deus lhes deu. Esses serviços são: obras sociais, animação litúrgica, acolhida, catequese, e outras tantas pastorais/grupos/movimentos.

 

         Os leigos representam a Igreja no coração do mundo, atuando assim nos mais diversos ambientes (escola, trabalho, família), com o testemunho de suas vidas, suas palavras oportunas, suas ações concretas. Por outro lado, são homens e mulheres do mundo no coração da Igreja. O mundo, e não a Igreja, é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa muito se abrir para o mundo, principalmente nos tempos da pós-modernidade, por isso a necessidade de leigos. Eles têm carismas e funções para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo; têm a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a  Igreja representa (Reino de Deus).

 

Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instinto secular), os leigos são fermento na massa, sal que dá sabor  e luz que ilumina os difíceis caminhos do mundo.  Eles têm um importante papel na transformação da sociedade pós-moderna.

 

Os cristãos leigos, sem dúvida,  são sinais visíveis de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na educação, na saúde pública, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos esportes, no serviço liberal e em tantos outros espaços no meio da sociedade. Vivem o Evangelho não apenas dentro de uma igreja, mas em todos os lugares. Fazem do seu trabalho a liturgia diária e prolongam a Missa Dominical nos demais dias da semana.

 

         Nossas expectativas: sermos, cada vez mais,  aceitos e reconhecidos como leigos que partilham o carisma de nossa comunidade congregacional; participarmos ativamente, dando apoio e orientação para os diversos grupos de nossa comunidade; estimularmos um maior intercâmbio entre esses grupos e entre outras paróquias; partilharmos informações e trocas de material, inclusive por meio da mídia, para superar as dificuldades das distâncias geográficas e pessoais. 

 

Sendo assim, que atendamos ao chamado de  Deus  ao serviço, à doação, à entrega. Neste chamado, Ele quer é que  estejamos junto d'Ele, de Seu filho Jesus Cristo e do Espírito Santo, participando do grande amor desta família divina e da nossa comunidade. Fiquem certo: Deus chama, mas dá também os carismas e as qualidades que precisamos para assumirmos este chamado.

 

Nair Pimenta / MLR-RJ



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P.e Maikel P. Dalbem, C.Ss.R.

sábado, 21 de agosto de 2010

A vocação e os cristãos leigos

Este texto chegou até nós pela turma do site da Paróquia Santo Afonso. Bom proveito!



Sex, 20 de Agosto de 2010 14:24

Fonte: cnbb

Completamos o jubileu de ouro da convocação do Concílio Vaticano II. As comemorações desse evento importante do século XX será uma oportunidade muito boa para que examinemos nossos passos dados e as propostas do Concílio.

Um dos aspectos levantados foi sobre o papel e a missão do cristão leigo na Igreja. A grande preocupação era não apenas de uma maior participação nas preocupações e trabalhos internos à comunidade, como, principalmente, o testemunho na sociedade, nas realidades temporais.

O fato de o cristão leigo não deveria ser apenas um expectador ou destinatário da mensagem evangélica e das preocupações da Igreja, mas, sim, ser consciente de sua missão de cristão ao interno da Igreja e testemunhando Jesus Cristo à sociedade.

Este foi um aspecto importante do Concílio Ecumênico Vaticano II, que foi um impulso dado pelo Espírito Santo à Igreja e sua presença no mundo hodierno, mas, dentre as variadas conquistas, podemos afirmar que uma delas foi certamente a valorização da vida e missão dos cristãos leigos, que emergiu como um elemento fundamental para a nova realidade do mundo em transformação.

A presença do cristão leigo está em muitos documentos, mas o Apostolicam actuositatem é dedicado totalmente ao cristão leigo. Creio que seja o primeiro num Concílio em toda a história da Igreja.

Dá-se uma nova ênfase ao conceito basilar da evangelização do mundo, sua transformação para uma feição mais humanizada, mais justa, e, portanto, mais cristã. Passamos, então, a falar da missão da Igreja no mundo, servindo ao reino e não a si mesma.

Portanto, nesta missão evangelizadora da Igreja, recorda-se a missão do cristão leigo, que, vivendo em sua realidade temporal, é chamado a ser sal, luz e fermento e assim transformar a realidade através de sua profissão, da sua presença na sociedade, na política, na cultura, nas ciências, nos esportes, e muito mais. Realidades que não são alcançadas apenas pelo clero nas suas atividades e missão cotidiana, mas que precisa de um protagonista. Aos leigos é dada essa vocação específica: fazer a Igreja presente e fecunda naqueles lugares e circunstâncias onde somente através dos leigos ela pode se tornar o sal da terra.

O Papa Paulo VI afirmava que os leigos são como uma ponte que une a Igreja à Sociedade. Não como uma interferência da Igreja na ordem temporal ou nas estruturas dos assuntos mais afetos à vida política ou econômica, mas, sim, para não deixar que o nosso mundo fique sem a mensagem da salvação crista, sem as luzes do Evangelho e da mensagem de Cristo. Portanto, os leigos são chamados a estabelecer este contato entre a vida eclesial e a sociedade, ser os construtores de uma nova maneira de servir o bem comum e imbuir a realidade terrestre de uma ordem transcendentes, eterna, Divina.

São Paulo nos afirma que toda a criação será recriada em Cristo. O mundo geme em dores de parto por uma nova ordem: mais justa, mais fraterna. Todos são convidados, portanto, a seguir o modelo de Cristo.

Os leigos são corresponsáveis pela missão da Igreja, companheiros de caminhada e em quem se confia, a quem se recorre, em quem se acredita e a quem se dá espaço na decisão, no planejamento e na execução das várias atividades na Igreja, e isso pela própria essência de sua consagração batismal.

Unidos a Cristo, através do Batismo, sacramento da fé, os leigos devem, portanto, estar atentos não só a uma pertença à Igreja, mas "ser" e sentir com a Igreja que é mistério de comunhão.

A V Conferência Episcopal Latino Americana, em Aparecida, afirma que "os fiéis são os cristãos que unidos a Cristo pelo Batismo, são o povo de Deus a participar nas funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Eles fazem, de acordo com sua condição. São os homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja. Sua missão é realizar o seu testemunho e atividade e contribuir para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas, segundo os critérios do Evangelho".

A missão não é somente uma escolha ou uma opção, mas, sim, um dom de Deus. A missão não é nossa nem de um grupo, mas é da Igreja, que nos envia, e no centro desta missão laical deve estar o Espírito do Senhor Ressuscitado, a quem obedecem com a mesma dignidade, mas com ministérios diversos, tanto os leigos como os ministros consagrados. Ter tal consciência desta centralidade da missão em Cristo é de fundamental importância na vida do laicato no seio da mãe Igreja.

Conclamo todos os leigos de nossa Arquidiocese, os católicos apostólicos e romanos, para viverem a grandeza de seu batismo, colocando a mão no arado e chamando a todos para o "vinde e vede" do senhor Jesus!

Dom Orani João Tempesta

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Matéria sobre N. Srª do Perpétuo Socorro

Meu primeiro amor  (Nair Pimenta)

Transcrevo aqui, apenas, um trecho do texto de Armando Nogueira, publicado na coluna de Renato Maurício Prado, do jornal O Globo, em 02 de Abril de 2010.

O texto de Armando Nogueira, uma preciosidade, até a data da publicação no jornal, era desconhecido do público, apenas lido, por ele mesmo, na festa de seus 80 anos, ladeado pelas 80 mulheres mais importantes de sua vida.

Que N. Srª do Perpétuo Socorro tenha junto de si este grande homem da Comunicação, um notável cronista de altíssima qualidade.  Ela, certamente, sente-se feliz por ter sido o primeiro amor do tenro e terno menino de Xapuri/Acre.

Leia com atenção, é lindo.

" Meu primeiro namoro não passou de um flerte. Eu devia ter, quanto muito, entre cinco e seis anos de idade.  Eu era um menino de Xapuri. Era Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, estampada numa cartela de papelão que a Eucalol dava de brinde a quem comprasse uma caixinha com três sabonetes.

Guardei segredo do namoro, dois dias seguidos. Tinha descoberto as delícias do amor, mesmo sem saber que era, a um só tempo, sagrado e secreto. No terceiro dia, chamei minha mãe pra comprovar. Mas pedi-lhe que, pra não se fazer notar, ficasse observando, pela fresta da porta.

Chego do colégio. Entro no meu quarto e, num relance, vejo na parede, um rosto feminino me fitando. Ando prum lado e pro outro. O olhar me segue, docemente persistente.

Não é possível – pensei, o peito já palpitando.

Minha mãe, tão compreensiva como sempre foi, me explicou direitinho que o filhinho dela tinha vivido apenas um momento de ilusão… de ótica. Recebia, então, minha primeira aula de física. Findava-se, assim, a aventura amorosa inaugural de minha vida. Doce ilusão de minha infância – infância que os anos não trazem mais.

Desde então, aprendi que Nada é. Tudo depende de quem vê. Ilusões que morrem para renascer.

A vida me ensinaria, também, que não basta entender o olhar do outro. É fundamental ajudar o outro a decifrar, corretamente, o seu próprio olhar, com todos os enigmas, com toda a sorte de exclamações, de interjeições e reticências que perpassam a vida de um ser humano.

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de caso pensado ou não, acabaria me abrindo os olhos pra ver melhor o olhar do outro.

Esse o milagre que a Virgem Maria me concedeu. Esse o dom que, sempre, haveria de facilitar minha convivência com o eterno feminino.
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Nota da Coluna: Armando Nogueira, acreano, botafoguense, faleceu em 29 de Março de 2010.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Devoção Mariana de Santo Afonso

Queremos deixar aqui palavras de carinho e amor  ao nosso padroeiro, Santo Afonso Maria de Ligório, pela herança deixada a todos os seus seguidores, em relação ao seu imenso amor à Virgem Maria. Que todos sintam a alegria pela devoção à Maria, a necessidade de caminhar juntos na comunidade e a continuar anunciando a todos o quanto Maria, Mãe Amada, é imprescindível em nossas vidas, como ele o fez.

 

Santo Afonso Maria de Ligório afirma que "Maria não só é Mãe de Deus, como também de toda a Igreja". Porque ele disse estas palavras? Partiu da premissa de que, se Maria gerou Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, por conseguinte gerou o seu corpo, a Igreja. Nesta linha de pensamento, de Maria nasceu o Salvador e a própria Igreja, corpo místico de Jesus. Segundo sua biografia, a devoção a Maria vem desde a infância e a Ela dedicou sua vida, seu amor e uma grande obra para que pudéssemos, como ele amá-La com a mesma intensidade.

 

Com grande dedicação, ao longo de quinze anos, escreveu uma das belas obras literárias da nossa Igreja: "As glórias de Maria". Santo Afonso atribui a sua conversão a Maria, por isso escreveu sobre a Mãe do Salvador, para que os fiéis, como ele, a venerassem.

 

Na intenção de difundir a dedicação e amor a Maria por toda parte, preparou para os fiéis, e em especial para os sacerdotes, estes eternos e amantíssimos devotos, um vasto material para  pregação e propagação da devoção à  Mãe de Deus. Para Santo Afonso, assim como ele, cada um de nós deve ser também "todo de Maria", tendo-a sempre presente em nosso dia-a-dia, até mesmo nas mais simples e pequenas tarefas.

 

O nosso amado santo afirma: "Deus quer que todos os bens que procedem d'Ele nos cheguem por meio da Santíssima Virgem." Fica claro que Ela é a nossa principal intercessora junto ao Filho, aquela que consegue tudo aquilo de que precisamos.

 

Seguindo suas reflexões, muitas vezes, a Virgem adianta-se às nossas orações, ampara-nos nas aflições, protege-nos, dá-nos santas inspirações para vivermos profundamente a caridade.  Mais ainda... ela anima-nos e nos fortalece nos momentos de desânimo e angústa, é fiel defensora de seus filhos nos embates da vida  e quando recorremos a Ela nas tentações, sempre a temos ao nosso lado, mesmo sem a ela recorrermos.

 

Intensamente, Santo Afonso clama para que todos nós continuemos a honrar e a amar fervorosamente Nossa Senhora e que a nossa salvação vem pela perseverança à devoção a Ela.

 Santo Afonso tinha um desejo especial, ao disseminar o grande amor a Maria, que fôssemos salvos e nos tornássemos santos e filhos ardorosos e apaixonados, como ele, à doce e fiel Maria.

 

Uma comovente e singela história que se conta sobre Santo Afonso é que, certo dia, já sem visão, muito frágil, alguém lia um livro para ele e, muito entusiasmado, perguntou quem havia escrito tão belas palavras, cheias de piedade, carinho e de amor pela Virgem. E a surpresa: quem fazia a leitura anunciou o título: "As Glórias de Maria, por Afonso Maria de Ligório". Santo Afonso, bastante debilitado pela falta de memória, alegrou-se com testemunho de amor e devoção à Santa Mãe de Deus.

 

Lendo o livro "As glórias de Maria" vemos a mais bela de todas as declarações de amor a Virgem Maria. A pureza, o zelo em tocar o nome daquela que foi, é e sempre será a nossa medianeira, advogada e senhora nossa, atinge profundamente a alma e o coração. Quanta sensibilidade no coração de Santo Afonso, quanto amor! Ao trabalhar a "Salve Rainha", Santo Afonso nos mostra e faz-nos sentir o quanto somos amados por Maria, o quanto ela é a nossa esperança, o suave conforto nos momentos de intercessão, a ajuda pronta a nos socorrer. E a caminhada de Maria, desde a sua escolha para tornar-se a Mãe do Redentor até a sua Assunção, passando pelas suas Sete Dores?  Reflexões que levam-nos a mergulhar na mais profunda intimidade com Maria, a sentir o quanto necessitamos da sua presença para construir uma comunidade de amor e fé.

 

Assim como a devoção a Maria era para ele um grande tesouro, que seja também para todos nós, humildes filhas e filhos de Deus. Que Maria conduza-nos ao seu amado Filho rápida e eficazmente, para que possamos gozar das bênçãos divinas.

Hoje, pedimos a Santo Afonso Maria de Ligório que nos alcance a graça de, a cada dia, amarmos mais Nossa Senhora tanto quanto Ele a amou e nos dê ânimo para levar a devoção à Mãe, por todos os cantos da Terra.

Que tenhamos a consciência de que, com Ela, alcançamos sempre bem mais e melhor tudo aquilo que, sozinhos, não alcançaríamos: crescimento espiritual, uma caminhada apostólica bem estruturada, viver na santidade, amar incondicionalmente e tornarmo-nos íntimos de seu Filho, Jesus Cristo.

Nair Pimenta – MLR/RJ