quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Poemas

Contribuição dos amigos Paulo e Graça Linhares (BH-MG).

SIMPLES

Nós somos assim
feito poesia
o encontro certo de palavras
sem necessariamente rimas...


Nós somos assim
feito poesia
as pessoas nos olham
e declamam nossa vida...


Nós somos assim
feito poesia
eu que encanto a amada
a amada que me mima...


Nós somos assim
feito poesia
recitamos a tristeza
falamos de alegria...


Nós somos assim
feito poesia
expressamos nossos sentimentos
saboreando a vida...


Nós somos assim
feito poesia
nos alimentamos de fábulas
e vivemos de magia...


Nós somos assim feito poesia
curamos a dor
com o mais lindo e puro
Amor...

Léo Messias

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Novo texto do Pe. Vicente, C.Ss.R.

Silêncio: fonte criadora.

O cultivo do silêncio como fonte de criatividade e gratidão.

Novo tempo, outro ciclo. Possibilidades de escutar mensagens e provocações de recantos distintos, além dos já conhecidos ou de sentir com maior acuidade as profundezas da vida. Ninguém agüentaria estar sempre mergulhado nas frenéticas baladas carnavalescas. Ainda mais numa época que supervaloriza a "curtição" a todo custo. Como se a história humana fosse somente exposição ou a exteriorização de sons, cores, amores. Talvez o melhor do ciclo presente (quaresmal) seja a possibilidade de contar também com o silêncio. É preciso visitá-lo no espaço que se chama deserto e ali abraçar também as cruzes do caminho. Deserto onde o Povo de Deus esteve na sua experiência de Êxodo e também Jesus, passando pelas tentações (Lc 4, 1-13). Aliás, suspeita-se que seja no deserto que as coisas mais intensas e descobertas importantes emergem no cotidiano. Sem uma saudável cota de solidão da alma, talvez não haja como colher o broto nascido de sementes escondidas.


O ritmo quaresmal, bem mais comedido, moderado, possibilita ao humano visitar sua morada e num recolhimento necessário notar como andam suas arrumações. Sair um pouco do barulho, de tantas vozes de fora, abre espaço bom para também escutar os rumores internos de onde emergem as pulsões vitais ou destruidoras. Não se trata de inércia, mas de buscar o silêncio de onde emergem palavras novas. Adélia Prado já dizia que "a palavra é disfarce de uma coisa mais grave". Do contrário, os ruídos seriam a forma mais autoritária de distanciar o ser humano de seu silêncio criador. Não é raro esbarrar com uma massa grande de pessoas que falam demais, sem dizer coisa alguma. Sem a voz do silêncio, será oca a comunicação humana. Despir-se dos dizeres comuns para dar conta dos amores e dores do viver. Por que será que os lutos, as tristezas tornam-se cada vez mais insuportáveis nos dias atuais? Certamente porque tais situações devolvem a todos a ausência de palavras, de explicações. As palavras se esvaziam!   


Silenciar-se não significa isolamento ou tirar os outros do horizonte. Talvez seja o contrário: confessar que a casa que se chama mundo é casa compartilhada. Não é propriedade privada de ninguém porque existe antes, é dom. Retirar-se dos palcos, das pretensões centralizadoras é colher a herança que se é como criaturas. Ninguém inaugura algo totalmente novo, a partir de um ponto zero. A atitude mais nobre será a gratidão e a memória agradecida por reconhecer nas conquistas o mistério escondido que sustenta a vida. Tal movimento possibilita a escuta e o encontro com aqueles que cruzam as estradas da vida. O silêncio ajuda a cultivar a escuta daquilo que é diferença. Que não coincide com as especulações ou preferências particulares. Abre o coração para o plural da vida e torna o "escutador" mais dócil ao aprendizado e mais humilde em relação às suas verdades. Acolhe mais o outro.


Resgatar o silêncio acolhedor é caminho que abre horizontes de fé. Sabendo-se precário em sua existência e não se encontrando como fundamento próprio, o humano suplica por um Senhor. Na experiência cristã o Senhor é aquele mesmo que se esvaziou, ganhando as feições frágeis dos humanos. É próximo e amigo. Também vive o encontro com a morte em sua feição tão trágica. Silêncio amoroso da cruz, transformado em Páscoa. A experiência espiritual da quaresma ensina, pois, a reconhecer o caminho da cruz de Jesus como lugar de redenção. Do silêncio maior, brota a palavra criadora de Deus. Como conseqüência, o ser humano aprende que mesmo no caos da morte é possível confiar e esperar. É da cruz de cada dia, lugar da solidão e do deserto, que também pode brotar o grito de fé: salva-nos, Senhor! Um grito que se torna maior do que qualquer palavra. Explode como entrega confiante e operante capaz de caminhos novos de ressurreição e vida.  


Autor: Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mais fotos dos MLR's de Cel. Fabriciano - Parte I

Atividades MLR's Cel. Fabriciano no ano de 2009

Quero compartilhar com vocês, um pouco das atividades dos Missionários Leigos Redentoristas do Vale do Aço, no final do ano de 2009...

Pe. Paulo Roberto, Pe. Ivo e os M.L.R. uniram-se as Catadoras de Material Reciclável, para juntos realizarem a Novena de Natal. Esta associação é denominada VIDA NOVA e está localizada no bairro Melo Viana na cidade de Coronel Fabriciano.

São pessoas marcadas por um passado sofrido e triste, pois trabalhavam debaixo de sol e chuva e muito mau cheiro, no antigo lixão da cidade, de onde tiravam o sustento de suas famílias.  Hoje elas trabalham neste espaço cedido pela Prefeitura de Coronel Fabriciano. Possuem uma organização como qualquer outra associação. Ainda carregam lembranças de um passado não muito bom, mas que com a força de vontade de cada uma e a presença de um Deus misericordioso, tentam apagar da memória e de suas vidas.  Recolhem, separam, prensam, embalam e vendem. Feito isso, tudo é repartido em comum.

A princípio elas se sentiram tímidas. Mas com muita oração e espiritualidade a novena foi se realizando. E assim cresceu a convivência, a amizade e a confiança entre os participantes da Novena de Natal...

E a solidariedade também! Foram preparadas algumas cestas básicas, brinquedos e kits de material de higiene pessoal e doados para a Associação. E neste espírito natalino a comunidade Redentorista deixou suas pegadas, não na calçada da fama, mas no coração da Comunidade das Catadoras de Material Reciclável VIDA NOVA.

Os Missionários também levaram alegria às pessoas do Lar dos Idosos Sodalício situado em Timóteo.

E com isso finalizamos mais um ano!

 

Mairte

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um texto do confrade português Pe. Rui Santiago

Procuro o teu silêncio

Procuro o Teu Silêncio, Jesus… Aquele das colinas pela noite dentro enquanto os teus discípulos dormiam tranquilos. Esse silêncio cheio de sussurros e segredos que a Ruah, Espírito Santo de tantos nomes, meu Amor, vai levando e trazendo como brisa em que o Abba te beija e tu te derramas inteiro n'Ele…

Esse silêncio prenhe de Palavra, ponto-de-encontro, onde por amor tu te perdes no Abba e o Abba se perde em ti, como quem se passeia para sempre dentro do outro...
Esse silêncio assim, sereno, onde todas as coisas mudam de figura, todos os acontecimentos são recriados, onde cada lágrima é sarada com ternura e cada contentamento é conduzido à Alegria última e definitiva da Festa lá na Casa do Abba…

Procuro o teu silêncio, Jesus, porque não quero sobrepor as minhas palavras às tuas. Queria tanto pôr-te a falar de cada vez que abro a boca… Oh, e são tantas… Também já vivi o suficiente para perceber que quem não é capaz de estar em silêncio, não tem nada para dizer que valha a pena ouvir com atenção…

Amo-te tanto, Jesus… Quereria que cada ser humano encontrasse em ti os segredos de uma Vida Nova, a maneira de amar, perdoar, sonhar, ousar… viver e morrer ao teu jeito, sentindo-se "filho" de um Deus Maior que tudo! Viver e morrer com um Coração filial… Oh Jesus, haverá privilégio maior?! Não acredito…

É por isso que procuro o teu Silêncio, Jesus, aquele em que o teu Coração Filial se deixava mimar, moldar, esculpir pelo sussurro do Abba e pelas carícias da Ruah… Era assim que a Ruah te ia ungindo permanentemente e o Abba te ia gerando como Filho em cada momento… Que fidelidade a tua, Jesus! Que fidelidade…

Encantas-me.

Procuro em ti essa sabedoria de calar enquanto se procura. Senhor da Boa Notícia, mastigaste-a toda no silêncio do teu Coração, quando face-a-face com o Abba revivias todos os encontros, situações, rostos e lugares dos teus dias… E tudo ganhava um sentido novo. Depois, na tua fidelidade incondicional, e com a Verdade que a Ruah consagrava em ti, agias, falavas e decidias segundo o Coração do Abba. Eis o Reino a acontecer!

Eis o Reino de Deus a germinar das tuas palavras, acções, silêncios e provocações… Eis o Reino, próximo, ao alcance, aí! Eis aí diante de nós o jeito de Deus querer as coisas e sonhar as pessoas! O Reino de Deus, o agir de Deus ao nosso alcance…

Encantas-me.

Queria inventar outra palavra para dizer o que sinto, mas não sai nada…

Encantas-me.

Procuro o teu Silêncio, Jesus, para escutar melhor o rumor do Reino de Deus a acontecer entre nós, para lhe apanhar melhor o ritmo e o jeito…

Procuro, Jesus, a descoberta da mais profunda Adoração, que é estar maravilhado diante do meu Deus! Assim, maravilhado, de boca calada, amando e deixando-me amar, esquecendo o meu pecado e os meus medos por um instante para me reduzir simplesmente a esse olhar encantado que se derrama para o outro e o absorve inteiro. E que me transforma completamente... me cura, me dignifica, me serena, me encoraja, me capacita para a tarefa de ser verdadeiramente Feliz!

Estar diante do outro de boca calada… Só o Amor consegue esta proeza. É este Silênco que procuro, Jesus, o silêncio maravilhado dos amantes, das crianças e dos sábios.

Amo-te tanto…

Encantas-me.

Silêncio…



...oh Jesus, estás sempre tão próximo...


...Ruah, meu amor...



Abba…