Santo Afonso Maria de Ligório
Et Nomen Virginis Maria — «E o Nome da Virgem era Maria» (Luc 1, 27)
Sumário. O Santíssimo Nome de Maria é, depois do de Jesus, superior a todo outro nome, e, assim como o de Jesus, é para nós um nome de salvação, esperança e amor.
Procuremos, portanto, tê-lo sempre no coração e nos lábios: em todos os
perigos, em todas as angústias, em todas as dúvidas invoquemo-lo sempre
juntamente com o do seu divino Filho, dizendo: Jesus e Maria, salvai-me! Lembremo-nos,
porém, que para experimentarmos todos os efeitos do nome de Maria, é
preciso que imitemos as virtudes daquela que o possui.
I. O
Santíssimo Nome de Maria não foi achado na terra, mas desceu do céu e
foi imposto à divina Mãe por ordem expressa de Deus, como atestam São
Jerônimo, Santo Epifânio e outros. É, pois, este nome, depois do de
Jesus, superior a qualquer outro nome, e, assim como o de Jesus, é para
todos nós um nome de salvação, de esperança, de amor.
É um nome de salvação;
porque, conforme a revelação feita pela Bem-Aventurada Virgem mesma a
Santa Brígida, quando o invocamos devotamente, afastam-se os demônios, e
mais se chegam a nós os anjos bons para nos defender contra os assaltos
do inferno. E, falando em particular das tentações contra a pureza, é
geralmente sabido que este nome poderoso dá grande força para as vencer,
de modo que São Pedro Crisólogo não hesita em dizer que o nome de Maria
é indício de castidade: Nomen hoc indicium castitatis. Quem, na
dúvida de ter consentido nas tentações, se lembra de ter invocado o nome
de Maria, tem um sinal certo de que não ofendeu a castidade.
O nome de Maria é um nome de esperança,
pois, como diz São Boaventura, este nome está tão cheio de graças, que
não pode ser proferido sem comunicar alguma graça a quem devotamente o
invoca. Pelo que diz Pelbarto que, assim como Jesus com as suas cinco
chagas deu ao mundo o remédio para os seus males, também Maria com o seu
santíssimo nome, que é composto de cinco letras, alcança todos os dias
os bens celestes para os homens.
Finalmente, o nome de Maria é um nome de amor,
porque encerra um certo quê de admirável, de suave, de divino. Santo
Antônio de Pádua experimentava neste nome a mesma doçura que São
Bernardo experimentava no nome de Jesus, e dizia: «O nome desta Virgem
Mãe é alegria no coração, mel na boca, melodia no ouvido dos seus
devotos». — O grande nome de Maria contém uma virtude tão
admirável, que, ainda que os seus devotos o ouçam mil vezes, sempre lhes
parece novo, e lhes faz experimentar a mesma doçura. Por isso exclamava
o Bem-aventurado Henrique Suso: «Ó Nome suavíssimo! ó Maria! qual
sereis vós mesma, se o vosso só nome é tão amável e gracioso?»
II. Meu
irmão, valhamo-nos sempre do excelente conselho que São Bernardo nos
dá. Em todos os perigos de perder a graça divina, em todas as angústias,
em todas as dúvidas, pensemos em Maria, e invoquemos o seu nome
juntamente com o nome de Jesus, porque andam sempre juntos estes dois
nomes[1]. Não se apartam nunca estes dois dulcíssimos e
poderosíssimos nomes, nem do nosso coração, nem da nossa boca. Com eles
chegaremos seguros ao porto da eterna salvação. — Mas lembremo-nos que, para obter o socorro deste grande Nome de Maria, é necessário que imitemos os exemplos de suas virtudes: Et ut impetres eius orationis suffragium, non deseras conversationis exemplum.
† Ó
Mãe do Perpétuo Socorro, concedei-me a graça de invocar sempre o vosso
poderosíssimo Nome; pois é ele o nosso auxílio na vida e a nossa
salvação na morte. Ó Maria, puríssima e dulcíssima Virgem, fazei que o
vosso Nome seja daqui em diante o alento da minha alma. Apressai-vos, ó
Rainha, em socorrer-me sempre que vos invocar, pois, em todas as
tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me oprimirem,
jamais deixarei de chamar por vós, dizendo e repetindo: Maria! Maria!
Que consolação, que doçura, que confiança, que ternura não sente a minha
alma, somente com invocar-vos e até somente pensando em vós! Dou graças
ao Senhor que, para o meu bem, vos deu esse nome tão suave, tão amável e
tão poderoso. Não me basta, porém, só pronunciar o vosso Nome; quero
pronunciá-lo com amor, pois é o amor que me lembrará de vos invocar com o
título de Mãe do Perpétuo Socorro[2].
«Ó
Deus onipotente, concedei-me propício que, assim como me alegro sob o
Nome e a proteção da Santíssima Virgem Maria, mereça pela sua
intercessão ser livre na terra de todos os males, e depois ser digno de
possuir no céu os gozos eternos»[3].
[1] Indulgência de 25 dias cada vez que se invoca o Nome de Jesus, e outros tantos pelo Nome de Maria.
[2] Indulgência de 100 dias.
[3] Or. festi.
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LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações:
Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Terceiro: desde a duodécima
semana depois de Pentecostes até ao fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p.357-360.