Encarnação
de Jesus, dádiva sem igual, que o céu oferece aos homens. Desceu, de
sua onipotência divina, fazendo-se morada em humano seio. Das alturas, a
graça; na terra, a morada. Entrou na carne histórica para fertilizá-la
com as sementes de dom eterno. O que era sem porta, ganhou largas
janelas de infinitas possibilidades, no amor. O que era fechado, recebeu
vias abertas de um encontro salvífico. Casa, mais que um lugar, o
cotidiano no qual a fragilidade de homens e mulheres pode dialogar com o
Espírito de Quem vivifica. Moradia do ser é aquele coração que o guarda
como pastor. De modo que a vocação humana mais genuína é cuidar do
divino encarnado, da história como tempo sagrado de construções
amorosas.
Imagina,
Deus quer ser cuidado por tão frágeis criaturas. Como assim? Ah, Maria,
Perpétuo Socorro, eis o ícone exemplar. Casa sem igual; entrega
magnífica! Da simplicidade de Nazaré, abriu-se na escuta silenciosa que
somente os simples conseguem. Em sua humildade, barro no chão da vida,
ofertou-se. Casa do colo, do pão e da palavra; morada do silêncio, da
partilha de fé e vida. Pequena, foi enriquecida pela única riqueza;
morada de Deus. Sim, Maria! Socorro maior, em tempos estranhos, é
alargar estreitezas. E na clareira do caminho, ver que a Palavra fez-se
carne. Com seus olhos ternos, mãos de amparo, face serena, socorrei os
passos cansados pela poeira do que ainda é desumano. Ajudai os
peregrinos, na história, a viverem a mística do cotidiano santificado,
sem desistir do bem.
Socorrei,
Maria, casas sem tetos de fé, amparo dos passos andantes; sem janelas
de esperança, asas de sonhos bons; sem mesas de comunhão, partilha dos
famintos; sem portas abertas para o irmão. Fazei ecoar naquela morada,
intimidade cordial, o desassossego da paz, compromisso com a justiça.
Humanidade outra, Maria, hospitaleira. E que tantos pedidos sejam canção
reunida nas veredas dos promotores do diálogo. E o que foi inaugurado
pelo Filho Jesus, conversa boa de céu e terra, continue, ainda que nos
casebres dos pequenos. Afinal, outra sorte de grandeza maior não há, do
que o saboroso dom de ser humano do divino.
Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R.
Dia 27 de junho:
Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
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