terça-feira, 13 de outubro de 2009

1 Pedro 2,4-6.9-10: Pedras vivas


Aproximando-vos dele, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus, também vós -como pedras vivas- entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Por isso se diz na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, preciosa; quem crer nela não será confundido.
Vós, porém, sois linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido em propriedade, a fim de proclamardes as maravilhas daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável, a vós que outrora não éreis um povo, mas sois agora povo de Deus, vós que não tínheis alcançado misericórdia e agora alcançastes misericórdia.
_ (1 Pedro 2,4-6.9-10)

Durante séculos, no coração da religião do antigo Israel encontrava-se o Templo de Jerusalém, edifício impressionante construído no monte Sião, local da presença divina onde os padres da linhagem de Aarão levavam oferendas a Deus em nome do povo. Estas oferendas animais e vegetais exprimiam o desejo dos crentes de entrar numa comunhão com o Senhor, de afirmar a sua gratidão restituindo-lhe um pouco do que ele lhes havia dado na sua generosidade.

Contudo, eis que um dos primeiros responsáveis cristãos, escrevendo aos fiéis de origem não judia, se serve destes elementos da religião antiga transformando-os. Serve-se deles para lhes explicar a sua nova identidade enquanto discípulos de Jesus Cristo.

Retomando as palavras do profeta Oseias sobre o perdão de Deus ao seu povo infiel (ver Oseias 1-2), o apóstolo afirma que os destinatários da sua carta fazem agora parte do povo que Deus escolheu para ser, no mundo, o testemunho por excelência do seu amor. E isso não devido aos seus méritos, mas unicamente graças à compaixão divina, manifestada de forma tangível por Cristo vindo para todos.

Para os cristãos, o lugar da presença divina não é um local geográfico ou um edifício, mas pessoas. É antes de mais Cristo, descrito noutros textos como o Templo verdadeiro, o local de encontro com Deus (ver João 2, 21), mas aqui sobretudo como «a pedra angular» deste Templo. Os seus discípulos são pedras vivas que se reúnem à sua volta para formar a morada divina. Ao mesmo tempo, eles são comparados aos padres que celebram neste novo Templo. Por outras palavras, é pela vida da comunidade cristã, quando ela permanece fiel ao seu fundador, que o mundo descobrirá a verdadeira identidade de Deus e entrará em relação com ele. Daí a grande importância para os cristãos de viver de tal forma que revelem uma imagem autêntica do Deus invisível. Eles fazem isso antes de mais pelo seu amor recíproco, aberto a todos.


Extraído de http://www.taize.fr/pt_article175.html?date=2008-01-01

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